domingo, 8 de janeiro de 2017

Capitão Fantástico


Nome original: Captain Fantastic
Direção: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortensen, Frank Langella, George Mackay
Gênero:Drama
Ano: 2016




     "Capitão Fantástico" traz as história de Ben, que cria os 6 filhos reclusos em uma floresta, distante do mundo e de uma cultura que julga decadente. Quando sua esposa morre, precisam entrar em um embate com sua família para que seu último desejo, de ser cremada, seja obedecido.
     O filme é válido como disparador de várias discussões sobre nossa cultura. Criando os filhos da forma que julga mais coerente e saudável, Ben os ensina a caçar, a escalar, a estudar filosofia, ciência e os grandes clássicos da literatura. Como um experimento psicológico de educação infantil, as crianças são criadas em um minissociedade alternativa, na qual, por exemplo, ao invés de comemorarem o Natal, celebram o aniversário de Noam Chomsky, o filósofo ativista norte americano.
     No que se refere às críticas sociais, o filme lembra muito "Turista Espacial", também comentado aqui no blog. Os métodos de educação, a visão religiosa e política ensinados por Ben aos filhos fazem com que, em dado momento, eles mesmos se sintam "aberrações" quando tem contato com o mundo exterior, a clássica sociedade americana. Também outro aspecto interessante presente é a visão da morte em diferentes contextos. Sendo budista, a mãe das crianças desejava ser cremada, o que suscitou um embate ferrenho com a família cristã, que queria o típico sepultamento.
     A obra tem como ponto forte essa experiência de imaginar a educação como forma extrema de resistência à comportamentos e discursos compartilhados pela maioria: se não pode com seus inimigos, afaste-se deles. Entretanto, com a ida da família para cidade para honrar a memória da mãe, vamos vendo os conflitos envolvidos nesse projeto polêmico de vida reclusa, pois o fato é que sim, existe o mundo, quer gostemos de sua forma ou não.
     Guardei esse filme como um ensaio de uma possível forma de resistência micropolítica, levado ao grau extremo. Por fim, a pergunta que fica é: como resistir estando incluído no sistema que tanto criticamos? Como encontrar uma postura política que não seja se esconder em uma floresta num regime ultrarracional e nem ser meramente um cidadão urbano médio consumidor de discursos prontos?

Conceito: Bom

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