domingo, 20 de setembro de 2009

Foi apenas um Sonho

     
Nome original: Revolutionary Road
Direção: Sam Mendes
Elenco: Kate Winslet, Leonardo DiCaprio, Kathy Bates
Gênero: Drama
Ano: 2008




     O melhor filme que assisti esse ano.
     O reencontro do casal do Titanic não tinha como ser melhor. Kate Winslet e Leonardo DiCaprio encenam nesse filme de Sam Mendes (“Beleza Americana”) um casal que participa de discussões épicas, como em “Quem tem medo de Virginia Woolf?”. April e Frank Weeler vão mudar seu modo de ver a vida em sociedade.
     Ela, uma dona de casa com a carreira de atriz frustrada. Ele, um funcionário de uma empresa que odeia seu emprego, adúltero e insatisfeito com o que sua vida se tornou. Qual a diferença entre os dois? Ela vê uma saída, ele acha que aquela vida é normal. O plano dela: largar tudo e se mudar para Paris, onde ela iria sustentá-lo e onde ambos acreditam que seja o único lugar em que podem ser felizes. Ela é a revolucionária que viu o buraco e a falta de esperança e tenta fugir dele. Ele, uma vítima da sociedade que prefere não enxergá-lo e ir levando a vida.

     Sam Mendes critica explicitamente o modo de vida americano, que mesmo sendo americano, não deixa de ser o mesmo que a maioria da população mundial sustenta. Um estilo de viver que tem como uma das piores conseqüências a artificialidade das relações. As pessoas deixam de ser quem são, para serem o que possuem. Apesar da história se passar na década de 50, é perfeitamente aplicável à atualidade. Na verdade, acho que é ainda mais aplicável atualmente do que antes. Pessoas sacrificam a vida trabalhando, trabalhando e se esquecem de suas vontades. Ou melhor, há uma vontade que nunca esquecemos: a de consumir. Esse é o desejo que nos move quase na vida toda. Assim, cada vez vamos nos afastando mais um dos outros, deturpando a noção de respeito, afeição e individualidade. A representação do mundo pode ser uma linha de montagem de uma fábrica, onde nós somos as mercadorias. Somos programados para termos metas e seguirmos regras impostas e se não fizermos isso, perdemos o valor nesse emaranhado de pessoas. A vida pode ser mais do que isso, pois quem criou esse sistema foi nós mesmos. É nisso que April acredita e espero que esteja certa.

     Todas as cenas desse filme são inesquecíveis e perfeitas e todos os diálogos são inteligentes. Leonardo DiCaprio e Kate Winslet foram brilhantes. As melhores atuações que vejo há muito tempo. Winslet foi mais ainda mais talentosa aqui do que em “O Leitor”. A trilha sonora, como em “Beleza Americana”, fica na memória por muito tempo e fornece ainda mais emoção para uma das cenas mais magníficas que já vi, na qual há somente April e uma janela. Quem viu sabe do que estou falando.
     É impossível descrevê-lo em um texto, pois ele suporta discussões de horas e horas de duração. Simplesmente assista-o. Não o interpretando como um drama sobre brigas de casal, mas sim como um ensaio da situação dos homens em sociedade. Ou você vai se surpreender muito ou vai odiá-lo totalmente.


     
Conceito: Excelente

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba... depois dessa critica não tem como eu deixar de ver esse filme.