quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O Lagosta


Nome original: The Lobster 
Direção: Yorgos Lanthimos
Elenco: Colin FarrellRachel WeiszJessica Barden
Gênero: Ficção/Drama
Ano: 2016


   No futuro, as pessoas solteiras são enviadas a um hotel e tem 45 dias para arranjar um companheiro, caso contrário são transformadas em um animal de sua escolha. O cenário do filme é esse: uma bela premissa para críticas sarcásticas do nosso modo de funcionamento em relacionamentos ou em busca deles.
     Acabei de ver que Yorgos Lanthimos também dirigiu "Dente canino" e tudo fez mais sentido agora! A frieza dos personagens, quase robotizados, sem afeto e sem expressão, me lembrou muito esse outro filme de 2009, que também é uma ficção bastante peculiar. "O lagosta" está concorrendo ao Oscar de Melhor Roteiro Original e, após ler sua sinopse, fiquei curioso pra assisti-lo. Posso dizer que o clima duro e inumano do filme foi melhor construído em "Dente Canino", mas nem por isso esse longa é válido como forma irônica de pensarmos nossa busca por um relacionamento, principalmente pelo senso comum de que "é impossível ser feliz sozinho". O filme começou me parecendo um manifesto pelo direito à solidão, pelo direito a não querer um relacionamento, devido à forma esdrúxula pela qual os personagens são submetidos a essa maratona final para salvar sua vida como humanos: sem parceiro, só resta virar um animal. Entretanto, uma vez que David (interpretado por Colin Farrel) foge do bizarro Hotel e se junta aos rebeldes-solteiros que vivem na floresta, também se vê cercado de regras de conduta que, agora, ao contrário, o proíbem de se apaixonar. Sendo assim, podemos dizer que é um filme sobre as verdades e regras que recebemos do nosso meio de como devemos nos portar afetivamente, sendo um embate eterno entre a vontade do nosso corpo e o permitido e desejado pelo grupo. Destaque para a cena em que David deve decidir se vai se cadastrar como homo ou heterossexual, sendo a bissexualidade excluída.
     Apesar de ser uma espécie de caricatura de nossa sociedade, com uma temática bem específica e original (não me lembro de ter visto uma crítica à obrigatoriedade de relacionamentos de forma tão nítida), a história é chata, e, uma vez que já entendemos o funcionamento dessa sociedade proposta, e como ela nos faz estranhar a nós mesmos, acompanhar seu desenrolo não é tão empolgante. É como um episódio de Black Mirror, mas menos excitante.
      
     
Conceito: Bom