Apesar da superficialidade e previsibilidade do roteiro, consegue atingir seu objetivo: chocar.
A história é simples: de um lado temos Tracy, garota de 13 anos, ingênua, dedicada aos estudos e uma boa filha. Do outro, temos Evie, a mais popular do colégio, sexy e descolada. Após entrar no ginásio e ver Evie sendo a personificação de tudo que ela quer ser, Tracy, da noite pro dia, se transforma na adolescente rebelde. Dessa maneira, as duas viram amigas inseparáveis num mundo de drogas, sexo e autodestruição.
O roteiro, como em "Christiane F., drogada e prostituída", se resuma à cenas de rebeldia, ódio, brigas e promiscuidade. Além disso, vemos as reações dos familiares diante da garota que acabara de perdendo. A história traz as principais questões acerca desse assunto: como mães defendem os filhos a qualquer custo, como amizades influem no comportamento dos jovens, como pais ausentes muitas vezes geram filhos fracos, etc.
A filmagem inquieta faz o filme parecer um documentário que, somado com as excelentes atuações da três protagonistas (que interpretam Tracy, sua mãe e Evie), consegue desconcertar o espectador pelo conteúdo agressivo e assusta pelo fato de duas adolescentes se encontrarem naquelas situações. Quanto mais Evie se infiltra, como uma praga, na vida e na casa de Tracy, mais desestruturadas a família e a relação mãe-filha se tornam. A influência da jovem na vida de Tracy chega a ser diabólica (Evie = evil?).
"Aos treze" cumpre seu papel e a metamorfose de Tracy durante a trama é algo interessante de se ver. Além do mais, é um ótimo filme para pais e filhos verem juntos, pois mostra a importância de se estar preparado para lidar com os conturbados adolescentes.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Aos Treze
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Avatar
Sinto-me envergonhado de, apesar de me considerar um cinéfilo, ter assistido o fenônemo mundial "Avatar" somente muitos meses depois de sua estréia. Como acontece com vários blockbusters, tendo a ignorá-los, pois geralmente são recheados somente de ação barata, roteiro fraco e alguns efeitos visuais para encobrir a fraqueza do resto. Ao ver a nova obra de James Cameron, percebi que, desta vez, errei feio.
Tudo que eu sabia de Avatar era que tinha coisas como seres azuis nativos de um planeta chamado Pandora e que os humanos se infiltravam nesse planeta portando um avatar, como se fossem um dos Navi. Além disso, ouvi que o filme continha algumas mensagens de "respeite a natureza" e coisas do tipo.
Diferente de Matrix, Avatar não é um filme de ficção científica que explora a tecnologia em si, mas sim esse novo e fantástico planeta que os humanos no filme têm acesso graças a ela. O filme não tem um conflito definido durante muito tempo, pois James Cameron reservou grande parte das cenas para simplesmente desvendar Pandora e mostrar o cotidiano do clã dos Navi que agora tinha como novo membro o forasteiro Jake, fuzileiro enviado para estudar o comportamento dos nativos e ganhar sua confiança.
A confusão se estabelece quando os humanos mostram pra que estão no lugar: explorar as riquezas do planeta, assim como fizeram com a Terra. A partir daí o filme intercala cenas passadas nas instalações humanas com as passadas no meio do clã Navi, do qual Jake, cada dia mais, se sentia parte. Predador e presa.
A ligação dos Navi com a natureza (materializada pelos "plugs" que os conectam, literalmente, aos animais e plantas) se opõe à total indiferença dos humanos com o meio-ambiente, convictos de que devem simplesmente sugar tudo que há de valioso nele e transformar em dinheiro. As vistas de encher os olhos do maravilhoso mundo e a pureza dos seus habitantes fazem o espectador sentir asco de nós mesmos, os admiráveis humanos. Nunca as relações homem-natureza e homem-poder foram tratadas tão poeticamente como nessa obra.
Palavras não conseguem descrever quão espetaculares as paisagens de Pandora são. E o mais interessante de tudo é que graças aos efeitos especiais, você vê e sente tudo aquilo. Esse foi outro equívoco meu: não imaginar como o espetáculo visual de que todos falavam podia ter a capacidade de te transportar pra dentro do filme e esquecer que aquilo tudo foi filmado num cenário de fundo verde. É impossível piscar os olhos.
Mesmo sendo capaz de emocionar pelo drama vivido pelos personagens e pela destruição causada pelo homem, o roteiro tende a valorizar mais as cenas de ação, o que o fez perder pontos para os que buscam algo mais dramático. Entretanto, Avatar é bem mais do que aquilo que me diziam e discordo totalmente do ponto de vista de muitos que dizem esse é mais um daqueles filmes com roteiro fraco e visual bom. Em minha opinião, ambos são bons. Os conflitos e os relacionamentos dos personagens podem até ser clichê, mas a originalidade da idéia geral do filme por si só merece aplausos.
Após assistir a Avatar, tive a sensação de ter experimentado alguma droga psicodélica devido ao novo mundo que surge na tela. Admito, não esperava tanto.