Em 1794, algum tempo após a queda do Antigo Regime, a França vive o Período do Terror, onde o Comitê de Salvação Nacional comandado por Robespierre não consegue melhorar a precária situação dos franceses e ainda promove uma enorme matança contra todos que eram contra o governo da recém-formada república. É nessa época que Georges Danton, um dos líderes da Revolução Francesa, retorna a Paris e encontra a cidade aterrorizada com o governo fazendo seus líderes apreensivos e temendo uma contra-revolução.
Já no início do filme sentimos o clima tenso em que o país se encontrava: a violência, a fome e a guilhotina em ação constante. A trilha-sonora mais parece de um filme se passado na Idade Média do que numa república governada pelos representantes do povo e criadores da Declaração dos Direitos dos Homens. Robespierre começa a ser encarado pela população como um ditador e assim sua credibilidade decresce a cada dia e é ele que parece ser o protagonista dessa trama que traz o nome de seu rival. Danton aparece na história como um ídolo popular e um revolucionário destemido, calmo e insatisfeito com a atual situação de seu país. Porém, o estado de desespero, culpa e arrependimento em que Robespierre se encontra fica evidente em todas as cenas e isso as faz mais impactantes do que as do herói jacobino. O motivo de tal estado é que o líder do Comitê se vê obrigado a perseguir aqueles que estavam no mesmo lado que ele e que ainda compartilham o mesmo ideal, mas de modos diferentes. Como quase todo ativista premiado com o poder que vemos na História, Robespierre acaba se esquecendo dos seus verdadeiros objetivos e Danton é ele no passado: um homem que visava somente o bem-estar de todos e que acreditava piamente que conseguiria isso pacificamente.
Apesar de toda a popularidade e altruísmo de Danton, não percebemos no filme sua total devoção à causa. Sua tranqüilidade excessiva faz com que suas ações sejam ofuscadas pela brutalidade do governo que, ao contrário dele, usa o medo como a principal arma para calar a população e evitar mais revoltas. Assim, a insistência daquele em usar métodos pacíficos culmina em sua morte e na de seus companheiros que parecem terem sido em vão. Seus discursos para o povo no tribunal, suas discussões com Robespierre e suas tentativas de mudar o pensamento dos franceses pareceram ter ido por água abaixo, mas felizmente sabemos que não, pois menos de um ano depois, Robespierre e seus onze deputados foram depostos de seus cargos, trazendo, mais uma vez, esperança para a França.