segunda-feira, 27 de julho de 2009

O homem-elefante

     
Nome original: The elephant man
Direção: David Lynch
Elenco: Anthony Hopkins, John Hurt,Anne Bancroft
Gênero: Drama
Ano:1980


      Filme baseado em fatos reais conta a história de John Merrick, portador de uma doença que faz com que 90% de seu corpo seja deformado, e por essa razão é exibido num circo como uma aberração. Anthony Hopkins interpreta o médico que leva John para o hospital para estudar seu caso.
     Mesmo sendo um filme já da década de 80, é em preto-e-branco e esse toque deu um toque sombrio ao filme, que remete bem ao sofrimento e humilhação que o personagem passa durante a trama. Tudo no filme é bem feito (principalmente a maquiagem) e nenhuma cena é descartável, pois todas conseguem prender a atenção.

     Esse clássico emociona do início ao fim. Dá várias lições e coloca o espectador numa situação difícil: como deixar de sentir um desconforto enquanto visualisa John e sua horrenda aparência? Esse é o ponto do filme: a busca de John pela dignidade e aceitação das pessoas que só gritavam quando o via. Até então, no início, nós e todos os personagens pensavam que além da deformidade física, ele tinha algum retardo mental. Porém, com a ajuda da equipe do hospital, ele se mostra como uma pessoa normal e inteligente e é a partir daí que começamos a vê-lo com outros olhos. Infelizmente, a repulsa mesmo assim é inevitável e essa obra usa disso como uma prova de como somos desacostumados ao diferente. Dilacerador.


Conceito: Muito bom

Pagando bem, que mal tem?

     
Nome original: Zack and Miri Make a Porno
Direção: Kevin Smith
Elenco: Elizabeth Banks,Seth Rogen
Gênero: Comédia
Ano: 2009


Muito imbecil. Se você gosta de comédias sexuais do tipo American Pie elevado ao cubo, talvez esse te agrade. Do contrário, alugue um pornô. Como nem acabei de assisti-lo, nem vou me dar ao trabalho de comentar mais.



     
Conceito: Péssimo

sábado, 18 de julho de 2009

Dúvida

     
Nome original: Doubt
Direção: John Patrick Shanley
Elenco: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman,Amy Adams
Gênero: Drama
Ano: 2009


     Protagonizado pela mestra Meryl Streep, esse é um dos filmes mais inteligentes que já assisti. Juntamente com O Leitor, Dúvida é o melhor filme do Oscar 2009. Enquanto o primeiro afeta mais seu lado emocional, o segundo afeta seu lado racional.
     Irmã Aloyisius é uma freira que dirige uma escola católica com mãos-de-ferro quando começa a desconfiar que um pároco está tendo uma "relação imprópria" com um dos alunos e assim faz de tudo para provar que sua impressão está certa. Atuações fantásticas compõem essa obra de arte, principalmente dos três principais: Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams. Cenas e diálogos longos passam toda a responsabilidade para os atores que com muita competência nos involvem nas conversas, como se estivéssemos participando delas.
     É fácil comparar o conflito desse filme com a história do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. Ambos possuem um personagem com uma séria desconfiança sobre outro indivíduo e nos dois casos são fornecidos fracas provas que confirmam a suspeita e no final, não temos uma resposta concreta. Ainda, as duas obras nos obrigam a escolher um lado. Assim fica a pergunta: padre Flynn abusou ou não de Donald Miller?

     No meu ponto de vista, Dúvida traz muito mais do que um quebra-cabeça onde há fatos que devem ser usados ou no lado de Irmã Aloyisius ou no lado do padre Flynn, que afirma sempre que sua relação com o garoto é só uma amizade. Acredito que a chave de toda a trama é a personagem da Irmã, que move toda a campanha contra o pároco. Suas suspeitas já começam com fatos longe de serem provas e isso mostra que algo a impeliu a implicar com o padre, mas qual seria? Como uma rígida e conservadora freira, acredito que ela seja a personificação de toda a filosofia de uma das maiores instituições do mundo ocidental: a Igreja Católica. Todos os atos de Irmã Aloyisius convém com o que sua religião prega e portanto, o fato de ela alimentar essa forte desconfiança sobre Flynn também provém dessa fé inabalável. A cena que me fez chegar à essa opinião é aquela em que ela diz: "Eu não tenho compaixão pelo senhor. (...) Sei que você não se arrependeu". Já tendo admitido que ela mesma havia cometido sérios pecados em sua vida, ela afirma que ela tinha se arrependido. Está aí uma das maiores características do cristianismo: culpar a humanidade por aquilo que chamam de "pecado" e fornecer como única escapatória seu arrependimento. A fato de Aloyisius não ter necessitado nenhuma prova antes de apontar o dedo para Flynn e tê-lo obrigado a admitir sua culpa mostra como as regras da Igreja afirmam que todos nós merecemos ser eternos mártires. Não importa o motivo. Do outro lado, temos o pároco com sua filosofia religiosa totalmente oposta, onde a escola precisava se freiras e padres mais amigáveis com os estudantes e que ofereçam a eles mais compaixão e tolerância. Esse é outro ponto que impulsiona a Irmã a tentar de qualquer modo que o padre seja culpado para que assim ele desaparecesse da escola onde ela é diretora, e dessa maneira continuar com seus meios de julgar e punir. No meio dessa luta, há a Irmã James, que acaba ficando desorientada, sem saber se acredita na culpa de Flynn ou não. De um lado é ela chamada de ingênua, e de outro, de bondosa. Munida com uma suposta crença absoluta de que ele era um pedófilo, Aloyisius faz de tudo para obter sua confissão. porém, no final ela percebe que talvez tudo não tenha passado de uma auto-enganação, movida pela sua cega crença em toda em sua moral de julgar as pessoas, provinda da moral cristã. Concluindo, em minha opinião, a história mostra como a religião obriga as pessoas a terem fé em suas regras e se comportarem do modo que ela permite, e com isso, passam a ter a impressão que sua fé é absoluta. Porém, o que todos temos, lá no fundo, são...DÚVIDAS.


Conceito: Excelente

terça-feira, 14 de julho de 2009

Austrália

     
Nome original: Australia
Direção: Baz Luhrmann
Elenco: Nicole Kidman, Hugh Jackman
Gênero: Drama
Ano: 2009


     Filme com Nicole Kidman é o que podemos chamar de "bobinho".
     Sarah Ashley é uma aristocrata inglesa que se muda para a Austrália onde seu marido toma conta de uma fazenda de gado. Chegando lá, a responsabilidade da fazenda cai em suas mãos e ela enfrenta vários desafios como a vaguejada através do sertão, a Segunda Guerra Mundial, os aborígenes e seu romance com Drover, seu ajudante.
     Algumas partes do filme são narradas pelo personagem Nullah, um garoto aborígene que Sarah começa a cuidar depois que sua mãe morre. O clima de misticismo que colocaram em torno do garoto não combinou com o resto da história e a tornou ainda mais infantil. Quem não se cansou do menino dizendo a todo o momento : "Eu vou cantar para você me achar". Nos primeiros minutos da película, tudo, a não ser a atuação de Kidman e Hugh Jackman, é superficial. Como muitos filmes, optaram por carregar a história de humor bobo e com isso, a trama, que eu esperava ser mais densa, se tornou uma versão mamão-com-açúcar de Cold Mountain, onde também havia Nicole Kidman, uma fazenda e um amante distante, porém esse sim possui uma história envolvente. A única cena no início que merece comentário é aquela em que o canguru leva um tiro na frente de Sarah.

     O primeiro obstáculo que Sarah encontra, juntamente com seu futuro amado vaqueiro, é levar as 1.500 cabeças de gado até o cais para serem vendidos ao Exército e assim salvar a fazenda. Entretanto, o país vivia sobre um monopólio de carne comandado pela fazendo dos Carney que usam de tudo para impedir que cheguem ao seu destino. A partir dessa parte o filme se torna mais adulto, trazendo uma das melhores cenas que foi aquela da corrida para impedir que o gado caísse no penhasco. É mais ou menos nessa parte do filme que começa o relacionamente de Ashley e Drover e até nisso o roteiro foi falho. Para quem esperava que Austrália fosse um bom romance, ele decepcionou bastante. Ao contrário de Cold Mountain, onde o amor é tratado com bastante intensidade, aqui os dois mais pareciam um casalsinho vivendo uma paixãozinha de verão, e que ainda assim fica explícita em pouquíssimas cenas. Portanto, o filme de Baz Luhrmann não é um romance e nem um drama digno, pois em ambos os gêneros, poderia ser taxado de "superficial". Realmente não me dou bem com esse diretor, que também dirigiu Moulin Rouge (pff...).

     Após a parte da vaguejada, começa a parte da guerra. Drover se alista no exército e Sarah fica sozinha com o garoto "mágico" Nullah que mais tarde seria levado à força pela Igreja. Nesse interim, há o ataque dos japoneses na parte norte da Austrália, que rende a segunda melhor cena do filme pela qualidade técnica. Para finalizar, temos um desfecho totalmente clichê.
     Austrália é uma mistura de humor, romance, drama, misticismo aborígene, ganância, preconceito e tudo que possa ter acontecido naquela ilha. Uma miscelânea de temas tratados com infantilidade. Sinceramente não me emocionei com nada. Não fosse pelas atuações dos protagonistas e a boa qualide técnica (produção de US$120 milhões), seria um fracasso total.


Conceito: Regular

sábado, 11 de julho de 2009

O Operário

     
Nome original: The machinist
Direção: Brad Anderson
Elenco: Christian Bale
Gênero: Drama
Ano: 2004



     Chistian Bale perde 28kg para interpretar o perturbado operário Trevor Resnik.
     Nesse drama, trevor trabalha numa fábrica e o que vemos é um personagem consumido por algum problema psicológico desconhecido. Não dorme há um ano, possui várias síndromes e leva uma vida solitária. Após ser o causador de um incidente que fez seu colega de trabalho perder o braço ele inicia uma crise paranóica e acha que todos seus conhecidos estão numa conspiração contra ele.
     A partir do momento que ele começa a criar a desconfiança em sua mente, o espectador já sabe que é tudo fruto de sua crise esquizofrênica, porém esse não é o ponto principal do filme. O que mais nos prende na história é a razão de ele estar naquela situação lamentável. E isso nós descobrimos no mesmo instante que o patético personagem.
     Com a brilhante atuação de Christian Bale mais o roteiro bem original, "O Operário" é um drama psicológico bem interessante. A degradação física e mental de Trevor somadas com sua paranóia faz com que ele vá se afundando cada vez mais em sua loucura e solidão, tornando-se cada vez mais sozinho. Quem não largar o filme na primeira meia-hora (ele é meio monótono no início pelo fato de já sabermos que tudo é consequencia da insanidade do operário), não o fará até seu término porque sua curiosidade o obrigrará a esperar o desfecho para saber o que o consumiu por dentro. A não ser que você resolva a forca:

__ __ __ __ E R


Conceito: Bom