domingo, 28 de junho de 2009

Crepúsculo

     
Nome original: Twilight
Direção: Catherine Hardwicke
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson
Gênero: Suspense
Ano: 2008


      A mais nova máquina de gerar lucro no cinema tem muitos defeitos, mas é salvo por algumas cenas. Isso porque sou otimista.
      A história todo mundo já sabe: a mortal Isabella muda-se para uma cidade para viver com seu pai e lá conhece Edward, o galã-vampiro que terá que enfrentar seus instintos para não fazer nenhum mal à sua namoradinha. Pela sinopse, esperei que a história principal fosse bem maçante. Tudo bem, eles se amam e precisam enfrentar esse desafio, mas... e daí? Será que o filme seria realmente só isso em questão de roteiro? Infelizmente é, pelo menos em sua maior parte. Nos primeiros dias na escola ela conhece a família Cullen (da qual Edward faz parte) e para nós, que já lemos a sinopse anteriormente, sabemos que todos são vampiros. Após trocas de olhares, flertes e outras coisas, os dois acabam de apaixonando. Depois de um tempo de enrolação, Edward conta à Bella que é um vampiro e que o pescoço da garota era uma tentação pra ele apesar de ele não querer machucá-la. A história é essa durante mais de uma hora de filme. Muito chato. Entretanto, há uma virada no filme onde o nível de suspense aumenta um pouco e pra mim foi isso que o salvou. Só depois que começa a perseguição do vampiro mau atrás de Isabella a história deixou um pouco a monotonia de lado e se tornou mais madura.
      Kristen Stewart traz uma péssima atuação como a personagem principal. Mas é impossível dizer se foi realmente culpa da atriz ou da má construção do personagem. Bella seria uma patricinha esnobe? Seria uma nerd com problemas de relacionamento? Seria uma sarcástica? A personalidade da personagem foi esquecida, sendo que tudo gira em torno de seu romancezinho com Edward e esse seria interessante, se trouxesse algo mais instigante do que sua tentação de morder o pescoço da garota.

      O principal erro de "Crepúsculo" é ter infantilizado uma história que poderia ser melhor explorada. Parece que o objetivo da diretora era focar tudo no ator bonitão, para provocar gritinhos de garotas histéricas no cinema. A história do casal implica mais do que ir a bailes de formatura ou conhecer a família um do outro, mas foi nesse tipo de banalidade que o filme mais se focou na maior parte do tempo. Exemplos de cenas mais bem feitas são: Isabella quase mordida pelo vampiro mau no estúdio de dança e o diálogo dos pombinhos depois do baile, onde ela implora a ele que seja mordida, para que se torne uma imortal.
     Em geral, o roteiro é mal construído e superficial (tanto nos personagens quando no tratamento do tema) com muitos diálogos infantis e cenas chatas que são uma tentativa frustrada de passar suspense ao espectador. "Twilight" é só "regular", mas eu tinha que vê-lo porque agora teremos que aguentar suas continuações por mais alguns anos e ficar sem uma posição quanto à qualidade da obra é complicado.


Conceito: Regular

sábado, 20 de junho de 2009

Ensaio sobre a cegueira

     
Nome original: Blindness
Direção: Fernando Meirelles
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover,
Gênero: Drama
Ano: 2008


Revendo o filme hoje, resolvi escrever outro comentário.




     O filme mais incrível de 2008.
      Baseado no livro de José Saramago, o filme narra a história de uma onda de "cegueira branca" que atinge a população sem motivos aparentes e é contagiosa. Começa com um homem no trânsito e rapidamente se alastra por todos os lugares. Os primeiros infectados são levados para um prédio e colocados em quarentena e é nesse grupo que se encontra a personagem de Julianne Moore (nome desconhecido, assim como de todos os outros personagens e do país em que a trama se passa), a única que consegue enxergar. Lá dentro, forma-se uma minissociedade onde os instintos humanos se afloram, destruindo todos seus princípios e causando caos total.

      Buzinas, carros, semáforos, pessoas, prédios. Nesse cenário a primeira pessoa adquire a cegueira branca. Quem assiste a esse filme com olhos de espectador de um filme de ficção-científica perde muita coisa e provavelmente frustra-se. Nunca vi em um filme tamanha diversidade de mensagens e metáforas e por essa razão você deve compreendê-lo somente com a subjetividade. “Blindness” é um ensaio sobre a condição humana e da sociedade em que vivemos. Caos.

     Nos tornamos seres que vivem de hipocrisia e aparências. O que nos forçaria a olhar para nossa verdadeira essência? Uma cegueira que acabaria com nossa moral e nos obrigasse a vislumbrar nosso interior e o interior das outras pessoas. No início da história, quando o grupo ainda está no prédio isolado, vemos na tela somente imundície, mas quando eles estão livres, num mundo onde toda a população está cega, vemos como aquelas sim eram verdadeiras pessoas. A trama também fala de papéis e de como estamos presos em rótulos, e isso é mais um ponto que piora nossa condição de seres que não sabem quem realmente são. Com nosso egoísmo, temos a impressão de sermos totalmente independentes dos outros e que podemos tudo, que somos heróis que podem cuidar de tudo. Cada cena aborda questões diferentes e é preciso assistir mais de uma vez para sentir todos os tapas na cara que a história nos dá.
     Fernando Meirelles usou de alto brilho nas imagens para passar a sensação de não enxergar nada a não ser um “mar de leite” e achei bem interessante. A trilha-sonora, entretanto, foi um pouco repetitiva, com sons do grupo mineiro Uakiti que faz música com instrumentos inusitados, como canos de PVC.
     ”Ensaio sobre a cegueira” fornece material para horas e horas de discussões sobre psicologia, sociologia, filosofia ou de qualquer área. Isso depende de seu ponto-de-vista. Ainda não li o livro para dizer o que faltou ou que ficou ruim, mas para o cinema, é extremamente formidável. No final, guarde a mensagem da única não-cega da história: nós somos cegos, não eles.


Conceito: Excelente

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Across the Universe

     
Nome original: Across the Universe
Direção: Julie Taylor
Elenco: Evan Rachel Wood, Jim Sturgess, Joe Anderson
Gênero: Musical
Ano: 2007


     Musical da diretora de "Frida", composto totalmente por músicas dos Beatles.
     O jovem inglês Jude sai do Reino Unido e se muda para os Estados Unidos em busca de seu pai. Lá conhece um universitário rebelbe e se apaixona por sua irmã. A história se passa na época da Guerra do Vietnã e engloba os movimentos hippies e as perdas e sofrimento que a guerra trouxe.
     A trilha-sonora do filme é simplesmente perfeita, mas quando se trata de The Beatles, tal feito foi fácil de se atingir obviamente. Let it be, All you need is love, It won't be long,I wanna hold your hand e todo o resto foram cantadas pelos atores que têm vozes assustadoramente potentes e muitas canções ficaram ainda melhores que as originais.

     Quanto à história, bem, digamos que foi bem "forçada". Ela parece ter sido construída com o único objetivo de ser o palco das interpretações das músicas e mesmo assim há cenas que nem fazem parte da história (como a do garoto cantando "Let it be", apesar de ele ter uma das melhores vozes de todo o filme). Por isso, às vezes você tem a impressão de estar vendo clipes das músicas e não uma história sequenciada. Somam-se a isso as apresentações dos personagens no início que, por ainda não terem se conhecido, tornam as cenas confusas e a trama só deslancha quando todos viram amiguinhos. Além disso, a história é cheia daquele clima de "vivemos a vida sem limites... sexo... drogas... rock 'n' roll...", aquelas coisas típicas dos hippies.
     Como fez em "Frida", a diretora aplicou uns efeitos bem originais e bizarros nas cenas. Coisas que fazem você parar e se perguntar se ela é usuária de alguma droga ilícita, mas o resultado ficou até interessante, meio surreal. O filme não usou muito de coreografias, mas mesmo assim há cenas bem inteligentes, como as da música "I want you", quando Max vai se apresentar para o exército.
     Com a excelente e imperdível trilha-sonora numa história fraca, acho que é mais fácil você baixar o CD do filme e escutar, simplesmente ignorando as imagens que você encontraria no filme, embora você vá perder alguns efeitos e montagens bem excêntricos.


Conceito: Ruim

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Os Pássaros

     
Nome original: The Birds
Direção: Alfred Hitchcock
Elenco:Rod Taylor, Jessica Tandy
Gênero: Suspense/Terror
Ano: 1963


     Outro clássico de Hitchcock que supera muito o tal Um corpo que cai. Pelo menos agora tenho uma mínima idéia do motivo de esse diretor ser tão respeitado.
      Melanie vai passar uns dias na pacata cidade de Bodega Bay, na Califórnia quando milhares de pássaros começam a atacar o lugar. Como as plantas no ridículo Fim dos Tempos que tentaram fazer sua vingança contra a raça humana, nesse filme foi um elemento mais inusitado que tenta se rebelar contra nós: os pássaros. Mais uma trama onde o ser humano é o responsável por seu infortúnio, e olha que esse foi produzido há mais de 40 anos atrás, bem antes da onda do devemos-salvar-o-mundo-e-o-aquecimento-global-é-uma-prova-disso.
     Os Pássaros não causa nenhum medo, mas é claro que isso é aceitável tendo em vista que a obra foi filmada em outra época, na qual os espectadores tinham uma percepção bem diferente da nossa. Ao contrário de Um corpo que cai onde eu não consegui enxergar quase nada que preste, esse filme traz pelo menos uma inigualável qualidade técnica, principalmente pelas cenas dos ataques dos pássaros onde foi usada uma grande riqueza de efeitos especiais para a época. Devemos respeitar também a fotografia que o diretor colocou no filme com o objetivo de causar ainda mais impacto pois demonstra sua preocupação em inovar no jeito de filmar.
     Entretanto, a ótima qualidade técnica dessa obra não é o bastante para torná-la excelente. A história é muito chata e há cenas demasiadamente grandes. A única coisa que sustenta a história é a originalidade do tema central, pois quando o filme acabar, a única coisa da qual você vai se lembrar no roteiro é: pássaros atacando pessoas.


Conceito: Regular